No centro da sala
  Diante da mesa
  No fundo do prato
  comida e tristeza
  
  A gente se olha
  se toca e se cala
  E se desentende
  No instante em que fala
  
  Cada um guarda mais o seu segredo
  A sua mão fechada a sua boca aberta
  Seu peito deserto a sua mão parada
  Lacrada selada molhada de medo
  
  Pai na cabeceira é hora do almoço
  Minha mão me chama é hora do almoço
  Minha irmã mais nova negra cabeleira
  Minha vó reclama é hora do almoço
  
  Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
  Deixemos de coisa cuidemos da vida
  Se não chega a morte ou coisa parecida
  E nos arrasta moço sem ter visto a vida
  Ou coisa parecida ou coisa aparecida ou coisa aparecida
  
  
  Ubirajara Antunes de Oliveira
  Padre Paraiso Mg