Ei! Senhor meu, rei do tamborim, do ganzá!
  Cante um cantar, forme um repente pra mim
  Aqui – Nordeste! – um país de esquecidos,
  Humilhados,
  ofendidos
  e sem direito ao porvir.
  Aqui – Nordeste! – Sul América do sono...
  no reino do abandono
  não há lugar pra onde ir.
  
  De Nashville pro sertão (se engane não!)
  tem muito chão! Tem, meu irmão, muito baião.
  E, em New Orleans, bandos de negros afins
  tocam, em bandas, banjos, bandolins...
  Onde jaz meu coração?
  
  Em mim, desse canto daqui – lugar comum –
  como no assum, azul de preto,
  o canto é que faz cantar.
  Cresce e aparece em minha vida e eu me renovo
  no canto – o pio do povo.
  Pio. É preciso piar.
  
  Ah! minha voz – rara taquara rachada –
  vem, soul-blues, do pó da estrada
  e canta o que à vida convém!
  Vem, direitinha, da garganta desbocada
  mastigando... in-nham... in-nham
  cheinha de nhém, nhém, nhém.