Não conheço seu nome ou paradeiro
  Adivinho seu rastro e cheiro
  Vou armado de dentes e coragem
  Vou morder sua carne selvagem
  Varo a noite sem cochilar, aflito
  Amanheço imitando o seu grito
  Me aproximo rondando a sua toca
  E ao me ver você me provoca
  Você canta a sua agonia louca
  Água me borbulha na boca
  Minha presa rugindo sua raça
  Pernas se debatendo e o seu fervor
  Hoje é o dia da graça
  Hoje é o dia da caça e do caçador
  
  Eu me espicho no espaço feito um gato
  Pra pegar você, bicho do mato
  Saciar a sua avidez mestiça
  Que ao me ver se encolhe e me atiça
  Que num mesmo impulso me expulsa e abraça
  Nossas peles grudando de suor
  Hoje é o dia da graça
  Hoje é o dia da caça e do caçador
  
  De tocaia fico a espreitar a fera
  Logo dou-lhe o bote certeiro
  Já conheço seu dorso de gazela
  Cavalo brabo montado em pêlo
  Dominante, não se desembaraça
  Ofegante, é dona do seu senhor
  Hoje é o dia da graça
  Hoje é o dia da caça e do caçador
  
  
  © Marola Edições Musicais
  Todos os direitos reservados. Copyright Internacional Assegurado. Impresso no Brasil