HINO DA REPRESSÃO
  
  Se atiras mendigos
  No imundo xadrez
  Com teus inimigos
  E amigos talvez
  A lei tem motivos
  Pra te confinar
  Nas grades do teu próprio lar
  
  Se no teu distrito
  Tem farta sessão
  De afogamento, chicote
  Garrote, punção
  A lei tem caprichos
  O que hoje é banal
  Um dia vai dar no jornal
  
  Se manchas as praças
  Com teus esquadrões
  Sangrando ativistas
  Cambistas, turistas, peões
  A lei abre os olhos
  A lei tem pudor
  E espeta o seu próprio inspetor
  
  
  E se definitivamente
  A sociedade só tem desprezo e horror
  E mesmo
  E mesmo nas galeras és nocivos
  És um estorvo, és um tumor
  Que Deus te proteja
  És preso comum
  Na cela faltava esse um.