Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
  Que é pra te dar coragem
  Pra seguir viagem
  Quando a noite vem
  E também pra me perpetuar em tua escrava
  Que você pega, esfrega, nega
  Mas não lava
  
  Quero brincar no teu corpo feito bailarina
  Que logo se alucina
  Salta e te ilumina
  Quando a noite vem
  E nos músculos exaustos do teu braço
  Repousar frouxa, murcha, farta
  Morta de cansaço
  
  Quero pesar feito cruz nas tuas costas
  Que te retalha em postas
  Mas no fundo gostas
  Quando a noite vem
  Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
  Marcada a frio, a ferro e fogo
  Em carne viva
  
  Corações de mãe
  Arpões, sereias e serpentes
  Que te rabiscam o corpo todo
  Mas não sentes
  
  
  
  1972 © by Cara Nova Editora Musical Ltda.