Por que cresceste, curuminha
  Assim depressa, e estabanada
  Saíste maquilada
  Dentro do meu vestido
  Se fosse permitido
  Eu revertia o tempo
  Pra reviver a tempo
  De poder
  
  Te ver, as pernas bambas, curuminha
  Batendo com a moleira
  Te emporcalhando inteira
  E eu te negar meu colo
  Recuperar as noites, curuminha
  Que atravessei em claro
  Ignorar teu choro
  E só cuidar de mim
  
  Deixar-te arder em febre, curuminha
  Cinquenta graus, tossir, bater o queixo
  Vestir-te com desleixo
  Tratar uma ama-seca
  Quebrar tua boneca, curuminha
  Raspar os teus cabelos
  E ir te exibindo pelos
  Botequins
  
  Tornar azeite o leite
  Do peito que mirraste
  No chão que engatinhaste, salpicar
  Mil cacos de vidro
  Pelo cordão perdido
  Te recolher pra sempre
  À escuridão do ventre, curuminha
  De onde não deverias
  Nunca ter saído
  
  
  
  1979 © by Cara Nova Editora Musical Ltda.