Antes de atirar o vaso na tv
  Eu ouvi o que ela dizia
  "Quando não houver mais amanhã
  Será um belo dia"
  
  Estranha coisa pra se dizer
  Antes de dizer os números da loteria
  Mas é assim que eles fazem
  E fazem muito bem
  
  E nós não fazemos nada, nada, nada
  Nada além
  Além do mito
  Que limita o infinito
  
  E da cegueira
  Dos guardas da fronteira
  
  Além do mito que limita o infinito
  E da cegueira
  Dos guardas da fronteira
  
  Antes de atirar minha tv pela janela
  Eu ouvi o que ela dizia
  "Quando não houver mais ninguém
  Será um belo dia"
  
  
  Estranha coisa pra se dizer
  Antes de vender mais mercadoria
  Mas é assim o mundo que nos cerca
  Nos cerca muito bem
  E as crises e cicatrizes
  Não nos deixam ir além
  
  Além do mito
  Que limita o infinito
  E da cegueira
  Das barreiras das fronteiras
  
  
  Falado:
  
  Foi então que eu resolvi jogar
  As cartas na mesa e o vaso pela janela
  Só pra ver o que acontece na vida
  Quando alguém faz o que quer com ela
  
  
  Acontece que eu não tenho escolha
  Por isso mesmo é que eu sou livre
  Não sou eu o mentiroso
  Foi Sartre quem escreveu o livro
  
  Não sou afim de violência
  Mas paciência tem limite
  Além do mito que limita o infinito
  
  Além do dia-a-dia
  Que esvazia a fantasia
  Além do mito que limita o infinito
  Além do dia-a-dia