Num baile de máscaras qualquer
  Colombina e Pierrô
  Cansados de procurar
  Em cada qual seu par
  Se convidaram pra dançar
  Pra não assistir a noite passar
  Dois velhos amigos a se consolarem
  Da solidão, mais uma vez
  Cantando aos músicos que toquem
  Aquelas canções todas
  De recordações vivas
  Belos e jovens
  De olhos fechados pelo salão
  E quando a orquestra deu o final
  Não se apartaram
  Como seria o costumeiro e trivial
  Foram abraçados até os portões
  E saíram pra ver
  O romper dos clarões do dia
  Seguiram caminhando
  Na calma dos amantes
  Como se o tempo houvesse parado
  Daquela noite em diante
  E se visitaram
  E se reencontraram
  Dias depois já não eram mais assim tão sós
  E se consumiram
  E se violentaram
  No fogo e paixão
  Da fúria e do medo
  Dos peitos sofregos de afeto
  E os dias foram longos
  E os beijos foram tantos
  Lavaram as almas
  De tristes memórias
  Na água dos prantos.