A dureza real de quem é pedra
  Que a volúpia do atrito lapida
  Esse brilho tenaz que quase cega
  É ventura do ventre da ferida
  Quem dirá migalha de sol
  Que o brilho é teu apogeu
  Se ofuscado no caldo das estrelas
  O brilho se perdeu
  
  Sou de estrelas a causa e o pó
  Sou de estrelas e só
  
  Do ser ao pó, é só carbono
  Solene, terreno, imenso
  Perene, pequeno, humano
  
  Na dureza tão sólida de tinta
  Que o frágil atrito transporta
  Esse risco voraz te faz faminta
  E a rasura te move em linha torta
  
  O contraste será troféu
  Que o teu risco alinhavou
  Ou vestida mortalha das estrelas
  O risco se apagou
  
  Sou de estrelas a causa e o pó
  Sou de estrelas e só
  
  Do ser ao pó, é só carbono
  Solene, terreno, imenso
  Perene, pequeno, humano