Eu sei que é junho, o doido e gris seteiro
Com seu capuz escuro e bolorento
As setas que passaram contra o vento
Zunindo pela noite no telheiro
Eu sei que é junho esse relógio lento
Esse punhal de lesma, esse ponteiro
Esse morcego em volta do candeeiro
E o chumbo de um velho pensamento
Eu sei que é junho
O barro dessas horas
O berro desses céus, ai, de anti-auroras
E essas cisternas, sombras, cinzas, sul
E esses aquários fundos, cristalinos
Onde vão se afogar mudos meninos
Entre peixinhos de geleia azul
(Postado por Cláudio Cleudson)