Por entre avenca, feto e taquara poca
No seio-limo da mata ciliar
Corre arregalada a matéria-prima essencial
O vero olho da terra é o cristal d'água
E não há no reino mineral
Nenhum poder de pedra que estanque
O jorro das gotinhas
Rasgando as entranhas da terra
Sedentas por ver o sol
Sedentas por ver o sol
Sedentas por ver o sol
Secas por vê-lo
Dourar o vale e a serra
Pupila, íris, pálpebra, retina
Ah! se esse olho d'água filtrasse
A sentina do mundo e da minha alma
E o nojo e a lama lavasse
E o eco pagão aos meus ouvidos recordasse
Que o olho por onde eu vejo Deus
É o mesmo olho por onde Ele me vê
(Postado por Cláudio Cleudson)