Eu sei que atrás deste universo de aparências,
  das diferenças todas,
  a esperança é preservada.
  
  Nas xícaras sujas de ontem
  o café de cada manhã é servido.
  Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
  e dela não me conformo.
  
  Eu acredito em tudo,
  mas eu quero você agora.
  
  Eu te amo pelas tuas faltas,
  pelo teu corpo marcado,
  pelas tuas cicatrizes,
  pelas tuas loucuras todas, minha vida.
  
  Eu amo as tuas mãos,
  mesmo que por causa delas
  eu não saiba o que fazer das minhas.
  
  Amo teu jogo triste.
  
  As tuas roupas sujas
  é aqui em casa que eu lavo.
  
  Eu amo a tua alegria.
  
  Mesmo fora de si,
  eu te amo pela tua essência.
  Até pelo que você poderia ter sido,
  se a maré das circunstâncias
  não tivesse te banhado
  nas águas do equívoco.
  
  Eu te amo nas horas infernais
  e na vida sem tempo, quando,
  sozinha, bordo mais uma toalha
  de fim de semana.
  
  Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.
  
  Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
  e pelos teus sonhos inúteis.
  
  Amo teu sistema de vida e morte.
  
  Eu te amo pelo que se repete
  e que nunca é igual.
  
  Eu te amo pelas tuas entradas,
  saídas e bandeiras.
  
  Eu te amo desde os teus pés
  até o que te escapa.
  
  Eu te amo de alma para alma.
  E mais que as palavras,
  ainda que seja através delas
  que eu me defenda,
  quando digo que te amo
  mais que o silêncio dos momentos difíceis,
  quando o próprio amor
  vacila.