Eu vou te contar que você não me conhece
E eu tenho que gritar isso
Porque você está surdo e não
Me ouve
A sedução me escraviza a você
Ao fim de tudo você
Permanece comigo mas preso ao que
Eu criei
E não a mim
E quanto mais falo sobre a verdade
Inteira um abismo
Maior nos separa
Você não tem um nome, eu tenho
Você é um rosto na multidão
E eu sou o centro das
Atenções
Mas há mentira na aparência do que eu sou
E há mentira na aparência do que você é
Porque eu
Eu não sou o meu nome
E você não é ninguém
O jogo perigoso que eu pratico aqui
Ele busca chegar ao limite possível
De aproximação
Através da aceitação da distância
E do reconhecimento
Dela
Entre eu e você existe
A notícia que nos separa
Eu quero que você me veja nu
Eu me dispo da notícia
E a minha nudez parada
Te denuncia e te espelha
Eu me delato
Tu me relatas
Eu nos acuso e confesso por nós
Assim me livro das palavras
Com as quais
Você me veste
Um jeito estúpido de te amar
Isolda e milton carlos
Eu sei que eu tenho um jeito
Meio estúpido de ser
E de dizer coisas
Que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito
Todo próprio de amar e de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
Eu faço, e desfaço, contrafeito
O meu defeito é te amar demais
Palavras são palavras
E a gente nem percebe o que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mais o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho
Um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar