Hoje eu vim, minha nega como veio quando posso
  
  Na boca as mesmas palavras, no peito o mesmo remorso
  
  Nas mãos a mesma viola onde gravei o teu nome
  Venho do samba há tempo, nega, vim parando por aí
  Primeiro achei Zé Fuleiro que me falou de doença
  Que a sorte nunca lhe chega, está sem amor e sem dinheiro
  Perguntou se eu não dispunha de algum que pudesse dar
  Puxei então da viola, cantei um samba pra ele
  Foi um samba sincopado que zombou do seu azar
  Hoje eu vim, minha nega, andar contigo no espaço
  Tentar fazer em seus braços um samba puro de amor
  Sem melodia ou palavra pra não perder o valor (2x)
  Depois encontrei seu Bento, nega, que bebeu a noite inteira
  Estirou-se na calçada sem ter vontade qualquer
  Esqueceu do compromisso que assumiu com a mulher
  Não chegar de madrugada, e não beber mais cachaça
  Ela fez até promessa, pagou e se arrependeu
  Cantei um samba pra ele, que sorriu e adormeceu
  Hoje eu vim, minha nega, querendo aquele sorriso
  Que tu entregas pro céu quando te aperto em meus braço
  Guarda bem minha viola, meu amor e meu cansaço (2x)
  Por fim eu achei um corpo, nega, iluminado ao redor
  Disseram que foi bobagem, um queria ser melhor
  Não foi amor nem dinheiro a causa da discussão
  Foi apenas um pandeiro que depois ficou no chão
  Não tirei minha viola, parei, olhei e vim-me embora
  Ninguém compreenderia um samba naquela hora
  Hoje eu vim, minha nega, sem saber nada da vida
  Querendo aprender contigo a forma de se viver
  As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender (2x)