Não sou cantor e muito menos compositor.
  Violão nem sequer eu arranho.
  Canto muito mal e só na hora do banho.
  
  Histórias, nem para as crianças não sei mais contar.
  Tenho uma vizinha que de mim fica muito a duvidar.
  Não posso sequer sair de casa, nem de noite ou de dia.
  Que ela ficar por de trás da cortina só a me espiar.
  
  Os canteiros lá de casa de alface e almeirão secos estão.
  É que há muito tempo não ponho mais a mão.
  Os pássaros que por lá voavam,
  nem se quer cantam ou passam lá por perto.
  Tudo que planejo, não sei, nada da certo.
  
  Até o meu telefone está mudo e fori cortado.
  Pouco importo porque na verdade
  sou eu é quem ando desligado.
  É pura verdade, até o meu cachorro de velhice
  morreu atropelado.
  
  Já entrei na igreja para os meus pecados confessar.
  Só que o padre apenas me deu a penitência e não
  soube me perdoar.
  
  De que adianta esta vida sofrida e tudo dando errado?
  Mesmo com provas de pura inocência
  recebi a martelado do Mm. juiz, vendi tudo que tinha
  e fui a falência.
  
  E vida dura e danada.
  Tanto trabalhei e suei só que hoje
  não sirvo para mais nada.
  
  Apenas em Deus tenho confiança.
  pois sei que quando partir daqui
  muitos irão dizer:
  - Eu apenas falar dele só ouvi
  mas na verdade nem mais rico ou pobre nunca vi.