Deixa teu cabelo
  Me servir de travesseiro
  Pra que eu possa adormecer
  Sem perder tesouros
  Ao amanhecer
  
  Queima entre teus lábios meus navios
  Naufragando em teu vazio, aprenderei
  E da minha boa não virá talvez
  
  Linhas que o destino embaraça em minha mão
  De querer-te muito sem querer razão
  Ligas cada dia com o dia posterior
  E o que se irradia
  
  Ata com teus braços
  Nó cego de mil laços
  Que me aperta o peito, amor
  Mata com teus beijos
  A febre dos desejos
  Que manda em meu coração
  
  Luas debruçadas nas varandas
  No caminho onde andas, sigo eu
  Sigo a tua sombra como se fosse um cão
  Ata-me ao fingir que não me ama
  Não preciso ler as cartas pra saber
  Quanto amor nos cabe quando chega a vez
  Finas fantasias que da seda do papel
  Sobem na fumaça arranhando o céu
  Línguas de fumaça que me sobem à cabeça
  
  E entre dia e dia
  Irradia
  
  Ata com teus braços
  Nó cego de mil laços
  Que me aperta o peito, amor
  Mata com teus beijos
  A febre dos desejos
  Que manda em meu coração