BAIÃO
  
  Eu vou mostrar pra vocês
  Como se dança o baião
  E quem quiser aprender
  É favor prestar atenção
  Morena chega pra cá
  Bem junto ao meu coração
  Agora é só me seguir
  Pois eu vou dançar o baião
  Eu já dancei balancê
  Xamego, samba e xerém
  Mas o baião tem um quê
  Que as outras danças não têm
  Oi quem quiser é só dizer
  Pois eu com satisfação
  Vou dançar cantando o baião
  Eu já cantei no Pará
  Toquei sanfona em Belém
  Cantei lá no Ceará
  E sei o que me convém
  Por isso eu quero afirmar
  om toda convicção
  Que sou doido pelo baião
  
  IMBALANÇA
  
  Óia a paia do coqueiro
  Quando o vento dá
  Óia o tomba da jangada
  Nas ondas do mar
  Óia a paia do coqueiro
  Quando o vento dá
  
  Imbalança, imbalança, imbalançá
  Imbalança, imbalança, imbalançá
  Imbalança, imbalança, imbalançá
  Imbalança, imbalança, imbalançá
  
  Pra você agüentar meu rojão
  É preciso saber requebrar
  Ter molejo nos pés e nas mãos
  Ter no corpo o balnço do mar
  
  Ser que nem carrapeta no chão
  E virar foia seca no ar
  Para quando escutar meu baião
  Imbalança, imbalança, imbalançá
  
  Você tem que viver no sertão
  Pra na rede aprender a embalar,
  Aprender a bater o pilão,
  Na peneira aprender peneirar
  
  Ver relampo no mei' dos trovão
  Fazer cobra de fogo no ar
  Para quando escutar meu baião
  Imabalança, imbalança, imbalançá
  
  ASA BRANCA
  
  Quando olhei a terra ardendo
  Qual fogueira de São João
  Eu perguntei a Deus docéu, ai!
  Por que tamanha judiação
  
  Que braseiro, que fornalha!
  Nem um pé de plantação
  Por falta d'água perdi meu gado
  Morreu de sede meu alazão
  
  Até mesmo a asa branca
  Bateu asas do sertão
  Então eu disse: "adeus, Rosinha!
  Guarda contigo meu coração"
  
  E tão longe, tantos anos,
  Nesta triste solidão,
  Espero a chuva cair de novo
  Pra eu voltar pro meu sertão
  
  Quando o verde dos teus olhos
  Se espalhar na plantação,
  Eu te asseguro: não chore nao, viu
  Que eu voltarei, viu, meu coração