História de Um Prego
                          
                               Meu filho vem cá corre
  Vem sentar aqui comigo
  Sou seu pai sou seu amigo
  Quero te aconselhar
  Olhe na parede aquele prego ali pregado
  Ele sabe o meu passado mas eu quero te contar
  
  Naquele prego
  Eu já pendurei meu laço
  O arreio do Picasso
  Cavalo de estimação
  E um par de esporas
  Que custou muito dinheiro
  E o chapéu de boiadeiro
  Que eu lidava no sertão
  
  Naquele prego
  Pendurei muito cansaço
  Muito suor do mormaço
  E poeira do estradão
  E quantas vezes
  Minha mágoa pendurei
  Sentimentos eu guardei
  Pra não magoar teu coração
  
  De agora em diante
  Vou tirar dele meu laço
  O arreio do Picasso
  E as esporas vou guardar
  Naquele prego
  Pendure uma sacola
  Cheia de livros da escola
  E vontade de estudar
  Quando amanhã
  Você estiver aqui sentado
  Lembrando nosso passado
  Olhando o prego pioneiro
  Quero que seja
  Um doutor bem afamado
  E diga sempre em alto brado
  Sou filho de um boiadeiro