A Beira do Pantanal
                          
                               A BEIRA DO PANTANAL
  
  
  Foi lá na beira do pantanal
  
  Seu corpo tão belo enterrei
  
  Foi lá que eu matei minha amada
  
  Sua voz na lembrança eu guardei:
  
  
  
  "Por que meu querido,
  
  Por que meu amor,
  
  Cravaste em mim seu punhal?
  
  Meu peito tão jovem sangrando assim,
  
  Por que este golpe mortal?"
  
  
  
  Assassinei quem amava
  
  Num gesto sagrado de amor
  
  O sangue que dela jorrava
  
  A sede da terra acalmou
  
  
  
  E lá onde jaz o seu corpo
  
  Cresceu junto com o capim
  
  Seus lindos cabelos negros que eu
  
  Regava como jardim
  
  
  
  A lei dos homens me condenou
  
  Perpétua será tua prisão
  
  Porque fui eu mesmo quem calou
  
  Com aço aquele coração
  
  
  
  E eu preso aqui nesta cela
  
  Deixando minha vida passar
  
  Ainda escuta a voz dela
  
  No vento que vem perguntar:
  
  
  
  "Por que meu querido,
  
  Por que meu amor,
  
  Cravaste em mim seu punhal?
  
  Meu peito tão jovem sangrando assim,
  
  Por que este golpe mortal?"