De frente pro crime
                          
                               Ta lá o corpo estendido no chão
  Em vez de rosto uma foto de um gol
  Em vez de reza uma praga de alguém
  E um silêncio servindo de amém
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  Pôxa cara, tô ligado no seu drama
  Com a acara nessa lama teve medo de morrer
  de viver, de sofrer, de nem ter o que comer
  Ninguém liga pra você
  Ninguém liga nem nunca ligou
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  O bar mais perto depressa lotou
  Malandro junto com trabalhador
  Um homem subiu na mesa de um bar
  E fez discurso pra vereador
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  É, ninguém liga pra você nem nunca ligou
  Hoje sobra tanta indiferença, indignação
  Falta luz, falta governo, falta educação
  Tanto que com o preconceito em alta
  Só não sentem a tua falta, meu irmão!
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  Veio camelô vender anel, cordão, perfume barato
  E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
  Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira
  E a moçada resolveu parar e então
  Ta lá o corpo estendido no chão
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  Quem sabe agora você pode descansar,
  Se livrar da injustiça
  Desse medo dos bandido
  Medo da polícia
  Maldita cena projetada na janela
  TV de todo dia, gente pobre é sempre réu
  O que te resta é um pouco dessa lua
  Refletida na sarjeta, teu pedaço lá do céu
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  Sem pressa foi cada um pro seu lado
  Pensando numa mulher ou num time
  Olhei o corpo no chão e fechei
  Minha janela de frente pro crime