Mensageiro da Desgraça
                          
                               Pintado pra batalha
  Com sujeira, piche e carvão
  Escuto o som da cachoeira
  Na Avenida São João
  Sigo o rumo da floresta
  No Viaduto do Chá
  Na selva de concreto
  Estou pronto pra lutar
  
  Cansei da fome, do crack
  Da miséria e da cachaça
  Cansei de ser humilhado
  Sou o mensageiro da desgraça
  
  Cansei da fome, do crack
  Da miséria e da cachaça
  Cansei de ser humilhado
  Sou o mensageiro da desgraça
  
  Vejo meus antepassados
  Vou vingar os meus irmãos
  Os que são queimados
  Enquanto dormem no chão
  Escuto o som dos pássaros
  Vou vingar minhas irmãs
  As que são estupradas
  Na luz da manhã
  
  Cansei da fome, do crack
  Da miséria e da cachaça
  Cansei de ser humilhado
  Sou o mensageiro da desgraça
  
  Cansei da fome, do crack
  Da miséria e da cachaça
  Cansei de ser humilhado
  Sou o mensageiro da desgraça
  
  Subindo as escadas
  Do Teatro Municipal
  Pintado com palavra
  Terra e tinta de jornal
  Andando contra os carros
  E aviões na Marginal
  A esperança cega
  Não me livrará do mal
  
  Cansei da fome, do crack
  Da miséria e da cachaça
  Cansei de ser humilhado
  Sou o mensageiro da desgraça
  
  Cansei da fome, do crack
  Da miséria e da cachaça
  Cansei de ser humilhado
  Sou o mensageiro da desgraça