Nadando No Seco
                          
                               Estrela estraçalhada nas
  Docas de água parada, cais
  Poças de sangue no chão
  Peixe fisgado, mas
  Ainda respirando a ilusão
  Da volta ao mar
  
  Martírio lento faz
  Do arpão do sofrimento mais
  Uma razão pra nadar
  Nada por dentro do corpo
  Porão alagado, lago raso
  Morno chorar
  
  E eu que ancorei num porto só
  Eu que naveguei sertões azuis
  Dei de naufragar no pó
  Dessas capitais sem luz
  
  Veias saltadas são
  Teia entrelaçadas, não
  Cacos de vidro na mão
  Velhas garrafas quebradas
  De adegas escuras vagas
  No meu coração
  
  E eu que ancorei num porto só
  Eu que naveguei sertões azuis
  Dei de naufragar no pó
  Dessas capitais sem luz
  
  Estrela estraçalhada nas
  Docas de água parada, cais
  Poças de sangue no chão
  Peixe fisgado, mas
  Ainda respirando a ilusão
  Da volta ao mar