Falha Humana
                          
                               Eu provoco desastres sinistros de amor
  Aquelas tragédias que seja como for
  Encerram fins de ano
  Misturam na boca o pernil e a dor
  O vinho e o horror
  Um que anda no hall dos desaparecidos
  Um outro que nem foi identificado
  Ilusões soterradas, carinhos perdidos
  Choro não resgatado
  E a chuva em diferentes clarões de vermelho
  As buscas inúteis pela noite inteira
  O grito e a raiva, dois trens
  Que se engavetaram em Mangueira
  
  O choque permanente da decepção
  Manchou minhas formas, apagou meu contorno
  E não tenho seguro pra me proteger
  De envelhecer nessa dor de corno
  É um deslizamento daquelas barreiras
  Que me sustentavam querendo descer
  E que desabadas, vão ao ar deformadas
  Em jornal de tv
  Meu samba é a autópsia de amores passados
  O atestado de óbito da vida insana
  Teve meu laudo
  Perito em paixão constatou:
  Falha Humana