Balacobaco
                          
                               BALACOBACO
  (Rita Lee / Roberto de Carvalho)
  Acordo às cinco da matina
  Reclamando da rotina
  Dou um trato na faxina
  Vida dura de heroína
  Minha cara de caveira
  Vai abrir a geladeira
  Esqueci de fazer feira
  Vou fuçar lá na lixeira
  Uma espinha pro gatinho
  Pro cachorro um ossinho
  Requentar o cafezinho
  E sair apressadinho
  Todo dia atrasada
  Já estou acostumada
  Condução sempre lotada
  Vida dura de empregada
  Pára o mundo
  que eu quero descer
  Tem muito vagabundo
  atrás do meu jabaculê
  A vida é uma sinuca,
  mas confio no meu taco
  Meu borogodó
  é do balacobaco
  
  Minha patroa é estranha
  Passa o dia só na cama
  O marido bebe grana
  A mais velha é piranha
  A do meio é patricinha
  O mais novo é mocinha
  Meu lugar é na cozinha
  Vida dura de fuinha
  Motorista xavecando
  Jardineiro azarando
  Porteiro se assanhando
  E vou logo avisando:
  Meu amor é pra quem pode
  Quem não pode se sacode
  Pode amarrar seu bode
  Com a minha cabra
  ninguém fode
  Pára o mundo
  que eu quero descer
  Tem muito vagabundo
  atrás do meu jabaculê
  A vida é uma sinuca, mas
  confio no meu taco
  Meu borogodó
  é do balacobaco
  
  Sirvo a janta e vou embora
  Já passou da minha hora
  A buzanga que demora
  Vem a chuva e piora
  Caminhando na calçada
  Medo de ser assaltada
  Medo de ser seqüestrada
  Medo de ser estuprada
  Sou escrava independente
  Ganho menos que indigente
  Não posso ficar doente
  Amanhã tô no batente
  Vou rezar para Jesus
  Aliviar a minha cruz
  Meu buraco não tem luz
  Vida dura de avestruz
  Pára o mundo
  que eu quero descer
  Tem muito vagabundo
  atrás do meu jabaculê
  A vida é uma sinuca, mas
  confio no meu taco
  Meu borogodó
  é do balacobaco