Registro Geral
                          
                               Declamando:
  
  Sou quem se cruza,
  Ao passar por você!
  Quase todos os dias,
  Sou o que vem, o que vai,
  Mas, você nunca sabe!
  
  Sou apenas um,
  Um a mais...
  Na rua, no mundo e na vida,
  Apenas um,
  Apenas um a mais...
  
  Tenho estatura comum,
  Olhos e cabelos castanhos!
  Eu gaguejo um pouco
  Quando fico nervoso.
  
  Tenho esperado
  Que se termine logo o metrô,
  Que é pra eu chegar
  Mais depresa em meu trabalho!
  
  Que mais posso dizer?!
  Nunca fiz nada de muita importância,
  Nunca verei meu nome,
  Em manchetes de jornais.
  E se acaso isso um dia acontecer
  Será por motivos muito tristes!
  
  Cantando:
  
  Alguma vez escrevi,
  Três ou quatro poesias,
  Que eu gritei por aí,
  Sem dizer que eram minhas!
  
  Tenho uma vida pequena,
  Mas nunca vazia!
  E alguém me amou uma vez
  Quando mais eu queria!
  
  Poucas pessoas que eu quis,
  Eu verei no caminho...
  Quando eu tiver que partir,
  Sei que parto sozinho!
  
  Ah! qando a estrela acabar,
  Quem poderá me arranjar
  Outro registro geral?!
  
  Declamando:
  
  Certa vez,
  Entre quatro paredes de um elevador,
  Em meio aos gritos da penúltima noite,
  Eu vi um bêbado todo enfeitado...
  
  De voz pequena, ele cantava a vida!
  No rosto azul e um girassol na testa,
  Dançava a dança e encanto esperançado,
  Bebeu demais e se espalhou na terra...
  
  Pra meu espanto e pranto imediato,
  Incendiou-se o elevador do tempo...
  E não havia o que temer no fogo,
  Mas, eu fui bobo e não dancei de medo!
  
  Hoje, eu desci do elevador e ando,
  Esbarro atoa em tempos da estrutura,
  Talvez estúpido ou desenformado!
  
  Sou importante
  E nunca plantei flores,
  Não dei boa noite,
  Não comi a terra!
  
  Será que eu deixarei
  Um filho bem plantado?!
  E a indiferança desse sol escasso,
  Me dá o espaço de quem sabe nada!
  
  Onde andará o bebado enfeitado?!
  Em que lugar os girassóis da viiida?!