Renata Maria
Ela, era ela, era ela, no centro da tela daquela manhã
Tudo que não era ela se desvaneceu:
Cristo, montanhas florestas, acácias, ipês...

Pranchas coladas na crista das ondas, as ondas suspensas no ar
Pássaros cristalizados no branco do céu
E eu atolado na areia, perdia meus pés

Músicas imaginei, mas o assombro gelou
Na minha boca as palavras que eu ia falar
Nem uma brisa soprou
Enquanto Renata Maria saía do mar

Dia após dia, na praia, com os olhos vazados de não a ver
Quieto como um pescador a juntar seus anzóis
Ou como algum salva-vidas no banco dos réus

Noite na praia deserta, deserta, deserta, daquela mulher
Praia repleta de rastros em mil direções
Penso que todos os passos perdidos são meus

Eu já sabia, meu Deus, tão fulgurante visão
Não se produz duas vezes no mesmo lugar
Mas que danado fui eu
Enquanto Renata Maria saía do mar