E Que Tudo o Mais Va Para o Céu
                          
                               Um dia você me falou, em Andaluzia e em Valladolid
  Granada fica além do mar, na Espanha
  Molhou em meu vinho seu pão
  E também me falou em coisas do Brasil
  O FMI, Tom, poeta tombado na guerra civil
  
  O homem da máquina então, então me falou
  Vá embora poeta maldito!
  O teu tempo maldito também já terminou
  
  E eu fui embora sorrindo, sem ligar pra nada; como vou ligar
  Para essas coisas quando eu tenho a alma apaixonada?
  
  Mas teu cabelo é mais negro que o negro
  Da asa da graúna, de um negro mais sutil
  Preto como os tipos pretos que compõem a palavra anil
  
  E à noite eu entro no CinemaScope
  Tecnicolor, World Vision, daqueles de cowboy
  De que vale a minha boa vida de playboy?
  E eu compro este ópio barato
  Por duas gâmbias, pouco mais
  Mas como dói... Eu entro num estádio e a solidão me rói
  
  E eu quero mandar para o alto
  O que eles pensam em mandar para o beleléu
  E que tudo mais vá para o céu
  
  E eu quero mandar para o alto
  O que eles pensam em mandar para o beleléu
  E que tudo mais vá para o céu
  E que tudo mais vá para o céu
  E que tudo mais vá para o céu