Um Deus Ateu
                          
                               Quem
  Te roubou o inocente jardim
  Tuas faces de rubras maçãs
  Teu condão
  Talismã
  Quem levou
  Nossas verdes manhãs de sol
  Tardes sem fim
  Inventou a distância cruel
  Levou a linha, a vareta e o papel
  Lavou o céu
  Secou o mar
  Jogou nuvens de areia nos olhos
  Muralhas de pedras
  Brilhantes que furtam a visão
  Como um deus ateu
  Vaguei vagabundo
  Morei num barril
  Andei condenado
  A viver buscando
  Cana de açucar
  Duna de sal
  Moinho de sonho
  Usina do amor
  No torvelinho
  Na febre no frio
  Não se perdeu
  Nosso ébrio navio