Caneco 70
                          
                               Caneco 70
  
  Tudo começou em Goiânia
  Depois de um beijo no Largo de Freitas
  Eu estava vindo de Uberlândia
  E te encontrei ainda um pouco bêbado
  Tocamos numa tenda de circo
  No autódromo, uma festa surreal
  No meio do show fiz um discurso
  Dizendo que as borboletas te faziam infernal
  Deitados juntos pela primeira vez
  E no dia seguinte foi tão gostoso
  Que parece que ainda não terminou
  
  Não sei quantas vezes te deixei bem triste
  Não sei se comigo foi feliz, ou não
  Não sou exatamente o cara mais fácil que existe
  Mas posso te dizer que para sempre
  Te trarei dentro do meu coração
  
  De lá fomos pra Ribeirão Preto
  No dia 12 quando já namorávamos
  O show foi dentro de um shopping center
  E na batera estava o Maurão
  Ganhei uma calça de veludo preto
  Que ainda hoje é muito larga
  Tivemos que acordar muito cedo
  Você tão linda, sempre gostou da estrada
  O amor às vezes não tem segredo
  É um pasto imenso e verde
  Cheio de muitas vacas
  
  Passamos voando por Campo Grande
  E uma camisa nova tirei da mala
  Fizemos amor no calor mais intenso
  De manhã e de tarde e depois de novo de madrugada
  Depois na praia de Fortaleza
  Te contei um segredo que te deixou bem brava
  Voltamos pro hotel num clima tão tenso
  Você queria ir embora pra casa
  Mas como sempre, eu te mostrei o outro lado do medo
  E você me mostrou que gostava de ser notificada
  
  Não sei quantas vezes te deixei muito triste
  Não sei se comigo foi feliz, ou não
  Não sou extamente o cara mais fácil que existe
  Mas posso te dizer que para sempre
  Te trarei dentro do meu coração
  
  Em Porto Alegre nossa vida definitivamente mudou
  Todas as vezes que pisamos na cidade
  Uma paixão que sempre me acompanhou
  E a grande tentação de minha outra metade
  Sei que não devia nunca ter feito aquilo
  Meu pai estava dentro da sua casa
  Não sei exatamente porque fiz aquilo
  Só sei que foi uma puta de uma cagada
  Você tem toda razão de ficar repetindo
  Porque você manchou a nossa colcha sagrada
  
  Rio de Janeiro é a sua cidade
  E aquele apartamento para mim é o Leblon
  É tão lindo ver o mato sobre a copa das arvores
  E as amendoeiras encobrindo o chão
  Em plena quarta-feira ir no cinema bem tarde
  Comprar pãozinho quente pro café da manhã
  E o queijo e a manteiga na cozinha sentados
  Eu lendo jornal e você falando ao telefone
  Teriamos futuro se eu não fosse um selvagem
  E passearíamos velhinhos em pleno domingo no calçadão
  
  Não sei quantas vezes te deixei muito triste
  Não sei se comigo foi feliz, ou não
  Não sou exatamente o cara mais fácil que existe
  Mas posso te dizer que para sempre
  Te trarei dentro do meu coração
  
  Em São Paulo eu nasci, eu cresci, eu morrerei
  Cidade feliz, cinza e linda em sua desobediência
  Da Santa Cristina pra Agostinho, Candú
  Da Vila no Itaim, pra vila Madalena
  Eu acho muito triste ver os rios poluídos
  Eu acho lindo ver o meu time entrando em campo
  Eu acho que nasci procurando o infinito
  E acho que nasci sem muita paciência
  Meus filhos são os cílios que protegem meus olhos
  Sou filho de Cecilia e de Zé carlos, já vou indo
  Me dá licença
  
  Não sei quantas vezes te deixei bem triste
  Não sei se comigo foi feliz, ou não
  Não sou exatamente o cara mais fácil que existe
  Mas posso te dizer que para sempre
  Te trarei dentro do meu coração