A Primeira Sentenca
                          
                               Toda a pele é bem pouca.
  É raso o vaso do corpo.
  Pra todo desejo, toda vontade.
  Que a gente tem de se encontrar.
  
  A luz que deixa meus olhos.
  Não morre em nenhuma estrela.
  Sem tocar a face, o chão, a mesa.
  E cair presa de outro olhar.
  
  Quando o amor nos atira pra fora, pra longe de nós mesmos.
  Quem não partir tem salgada a boca, a casa e o jardim.
  
  E a gente cumpre a sentença.
  Ninguém cabe nunca em si mesmo.
  A mais pequena alegria, não para, não aquieta num só coração.