Odeon
                          
                               Ai, quem me dera
  O meu chorinho
  Tanto tempo abandonado
  E a melancolia que eu sentia
  Quando ouvia
  Ele fazer tanto chorar
  Ai, nem me lembro
  Há tanto, tanto
  Todo o encanto
  De um passado
  Que era lindo
  Era triste, era bom
  Igualzinho a um chorinho
  Chamado Odeon
  
  Terçando flauta e cavaquinho
  Meu chorinho se desata
  Tira da canção do violão
  Esse bordão
  Que me dá vida
  Que me mata
  É só carinho
  O meu chorinho
  Quando pega e chega
  Assim devagarzinho
  Meia-luz, meia-voz, meio tom
  Meu chorinho chamado Odeon
  
  Ah, vem depressa
  Chorinho querido, vem
  Mostrar a graça
  Que o choro sentido tem
  Quanto tempo passou
  Quanta coisa mudou
  Já ninguém chora mais por ninguém
  
  Ah, quem diria que um dia
  Chorinho meu, você viria
  
  Com a graça que o amor lhe deu
  Pra dizer "não faz mal
  Tanto faz, tanto fez
  Eu voltei pra chorar com vocês"
  
  Chora bastante meu chorinho
  Teu chorinho de saudade
  Diz ao bandolim pra não tocar
  Tão lindo assim
  Porque parece até maldade
  Ai, meu chorinho
  Eu só queria
  Transformar em realidade
  A poesia
  Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
  De um chorinho chamado Odeon
  
  Chorinho antigo, chorinho amigo
  Eu até hoje ainda percebo essa ilusão
  Essa saudade que vai comigo
  E até parece aquela prece
  Que sai só do coração
  Se eu pudesse recordar
  E ser criança
  Se eu pudesse renovar
  Minha esperança
  Se eu pudesse me lembrar
  Como se dança
  Esse chorinho
  Que hoje em dia
  Ninguém sabe mais