Sublime Pergaminho
                          
                               Quando o navio negreiro
  Transportava negros africanos
  Para o rincão brasileiro
  Iludidos
  Com quinquilharias
  Os negros não sabiam
  Que era apenas sedução
  Pra serem armazenados
  
  E vendidos como escravos
  Na mais cruel traição
  Formavam irmandades
  
  Em grande união
  Daí nasceram festejos
  Que alimentavam o desejo
  De libertação
  Era grande o suplício
  Pagavam com sacrifício
  A insubordinação
  
  E de repente
  Uma lei surgiu
  E os filhos dos escravos
  Não seriam mais escravos
  No Brasil
  
  Mais tarde raiou a liberdade
  Pra aqueles que completassem
  Sessenta anos de idade
  Ó sublime pergaminho
  Libertação geral
  A princesa chorou ao receber
  A rosa de ouro papal
  Uma chuva de flores cobriu o salão
  E o negro jornalista
  De joelhos beijou a sua mão
  Uma voz na varanda do paço ecoou:
  "Meu Deus, meu Deus
  Está extinta a escravidão"