Serafim E Seus Filhos
                          
                               São três machos e uma fêmea, por sinal Maria,
  Que com todas se parecia.
  Todos de olhar esperto, para ver bem perto,
  Quem de muito longe é que vinha.
  Filhos de dois juramentos, todos dois sangrentos,
  Em noite clarinha, eia-ô,
  O João Quebra-Toco, Mané-Quindim,
  Lourenço e Maria . . .
  
  Noite alta de silêncio e Lua, Serafim,
  O bom pastor de casa saía.
  Dos quatro meninos, dois levavam rifle,
  E os outros dois levavam fumo e farinha.
  Bandoleros de los campos verdes, Don Quijotes,
  De nuestro desierto, eia-ô,
  Serafim bom de corte,
  Mané, João, Lourenço e Maria . . .
  
  Mas o tal Lourenço, dos quatro o mais novo,
  Era quem dos quatro tudo sabia.
  Resolveu deixar o bando e partir pra longe,
  Onde ninguem lhe conhecia.
  Serafim jurou vingança,
  Filho meu não dança conforme a dança, eia-ô,
  E mataram o Lourenço em noite alta de lua mansa . . .
  
  Todo mundo dessas redondezas
  Conta que o tal Lourenço não deu sossêgo.
  Fêz cair na vida sua irmã Maria
  E os outros dois matou, só de medo.
  Serafim depois que viu o filho lobisomem,
  Perdeu o juízo, eia-ô,
  E morreu sete vezes,
  Até abrir caminho pro paraíso . . .