Sina de Violeiro
                          
                               Meu pai chegou aqui num fim de dia,
  Há muito tempo em cima de um cavalo
  E era pobre e moço e só queria
  Semear de calo as mãos de plantador
  Com minha mãe casou-se assim que pode
  Acharam um rancho no jeito e na cor
  Da terra boa e semeou o milho
  E semeou os filhos, e semeou o amor
  
  
  E assim a vida foi-se como um rio
  Meu pai dizia, um dia será mar
  E toda noite reunia a prole
  E tinha cantorias para se cantar
  Não era fácil a lida mas valia
  Porque um homem precisa lutar
  Quando a morte nos levou Rosinha
  A mas pequenininha deu pra fraquejar
  
  De sol a sol, o braço no trabalho
  Foi como um laço mas nunca sonhou
  Por isso Pedro, nosso irmão mais velho
  Foi para bem longe e nunca mais voltou
  Mariazinha se casou bem moça
  E foi com Bento homem trabalhador
  Mas veio um tempo negro em sua vida
  Ele garrou na pinga e nunca mais largou
  
  
  Uma cegueira triste
  Certo dia nos olhos calmos do meu pai entrou
  Varreu as cores do seu pensamento
  Ele deitou na cama e nunca mais falou
  A minha mãe mulher de raça forte
  Pegou nas rédeas com as duas mãos
  E eu me enterrei de alma na viola
  Onde plantei tristezas e colhi canções
  
  Por isso mesmo agmigo é que eu lhe digo
  Não tem sentido em peito de cantro
  Brotar o riso onde foi semeada
  A consciência viva do que é a dor
  
  By: JItaliano