Aos Nossos Filhos
                          
                               Perdoem a cara amarrada,
  Perdoem a falta de abraço
  Perdoem a falta de espaço,
  Os dias eram assim
  Perdoem por tantos perigos,
  Perdoem a falta de abrigo
  Perdoem a falta de amigos,
  Os dias eram assim
  Perdoem a falta de folhas,
  Perdoem a falta de ar
  Perdoem a falta de escolha,
  Os dias eram assim
  
  E quando passarem à limpo,
  E quando cortarem os laços
  E quando soltarem os cintos,
  Façam a festa por mim
  Quando largarem a mágoa,
  Quando lavarem a alma
  Quando lavarem a água,
  Lavem os olhos por mim
  Quando brotarem as flores,
  Quando crescerem as matas
  Quando colherem os frutos
  Digam o gosto para mim