Comprimido
                          
                               Deixou a marca dos dentes
  Dela no braço
  Pra depois mostrar pro delegado
  Se acaso ela for se queixar
  Da surra que levou
  Por causa de um ciúme incontrolado
  
  Ele andava tristonho
  Guardando um segredo
  Chegava e saía
  Comer não comia
  E só bebia
  Cadê a paz
  Tanto que deu pra pensar
  Que poderia haver outro amor
  Na vida do nego
  Pra desassossego
  E nada mais
  
  Seu delegado ouviu e dispensou
  Ninguém pode julgar coisas de amor
  O povo ficou intrigado com o acontecido
  Cada um dando a sua opinião
  Ela acendeu muita vela
  Pediu proteção
  O tempo passou
  E ninguém descobriu
  Como foi que ele
  Se transformou
  
  Uma noite
  Noite de samba
  Noite comum de novela
  Ele chegou
  Pedindo um copo d'água
  Pra tomar um comprimido
  Depois cambaleando
  Foi pro quarto
  E se deitou
  Era tarde demais
  Quando ela percebeu
  Que ele se envenenou
  
  Seu delegado ouviu
  E mandou anotar
  Sabendo que há coisas
  Que ele não pode julgar
  Só ficou intrigado
  Quando ela falou
  Que ele tinha mania
  De ouvir sem parar
  Um samba do Chico
  Falando das coisas do dia-a-dia
  
  
  
  
  
  
  
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  Enviado por:
  
  Luiza - Rio de Janeiro