Camelô
                          
                               Ó português, pare de uma vez
  De se queixar assim
  Da sua sorte ruim
  Eu que sou filho daqui, sou camelô
  E você vem das Portugas, querendo ser doutor
  Mas que horror
  
  Calcule só
  O que é viver o tempo todo
  Perseguido pelo rapa
  Porque na hora da corrida
  Quem não sabe usar as pernas
  Vai ficar sem ter comida
  E veja lá
  
  Farinha seca quantas vezes me faltou
  A carne na minha bóia
  É coisa rara, sim senhor
  Lá em casa não tem água na torneira
  E vá logo sabendo
  Lá também não tem torneira
  
  Não vou mais em festas
  Casamento ou batizado
  Pois o meu guarda-roupa
  Anda um pouco desfalcado
  E quando chega o carnaval tão animado
  Pra comprar fantasia
  Faço um abaixo-assinado
  E ainda tem assinante
  Que é na base do fiado