Quadro-negro
                          
                               No sub-imundo mundo, sub-humano
  Aos montes, sob as pontes, sob o sol
  Sem ar, sem horizonte, no infortúnio
  Sem luz no fim do túnel, sem farol
  Sem-terra se transformam em sem-teto
  Pivetes logo se tornam pixotes
  Meninas, mini-xotas, mini-putas
  De pequeninas tetas nos decotes
  Quem vai pagar a conta?
  Quem vai lavar a cruz?
  O último a sair do breu, acende a luz
  No topo da pirâmide, tirânica
  Estúpida, tapada minoria
  Cultiva viva como a uma flor
  A vespa vesga da mesquinharia
  Na civilização eis a barbárie
  É a penúria que se pronuncia
  Com sua boca oca, sua cárie
  Ou sua raiva e sua revelia
  Quem vai pagar a conta?
  Quem vai lavar a cruz?
  O último a sair do breu, acende a luz
  O que prometeu não cumpriu
  O fogo apagou
  A luz se extinguiu