Folia No Matagal
                          
                               O mar passa saborosamente a língua na areia
  Que bem debochada, cínica que é
  Permite deleitada esses abusos do mar
  
  Por trás de uma folha de palmeira
  A lua poderosa, mulher muito fogosa
  Vem nua, vem nua
  Sacudindo e brilhando inteira
  Vem nua, vem nua
  Sacudindo e brilhando inteira
  
  Palmeiras se abraçam fortemente
  Suspiram, dão gemidos, soltam ais
  Um coqueirinho pergunta docemente
  A outro coqueiro que o olha sonhador:
  - Você me amará eternamente?
  Ou amanhã tudo já se acabou?
  - Nada acabará - grita o matagal -
  Nada ainda começou!
  Nada acabará - grita o matagal -
  Nada ainda começou!
  
  Imagina: são dois coqueirinhos ainda em botão
  Nem conhecem ainda o que é uma paixão
  E lá em cima a lua
  Já virada em mel
  Olha a natureza se amando ao léu
  E louca de desejo fulgura num lampejo
  E rubra se entrega ao céu
  E louca de desejo fulgura num lampejo
  E rubra se entrega ao céu