Preludio N3
                          
                               Se um passarinho for bicar teu sono saibas que sou eu
  Sou eu aurora boreal pousando em seus trigais
  E se uma estrela incandecesse no breus dos teus breus
  Hás de saber então das trevas que me são mortais
  Hei de vergar-me então como o mais reles dos plebeus
  Para dizer-te o quanto o meu amor é tão ateu e herege como os farizeus
  Que um dia Cristo expulsou do templo sem lhes dar perdão
  Chicoteando, escorraçando aqueles vendilhões
  E eu me sinto tal e qual um porco e vil pagão
  Que nem provou da hóstia o vinho em santa comunhão
  Mas que roubou sem dó as cordas do teu coração
  E encordoou-o com elas sua enorme solidão.