Noite Severina
                          
                               Corre calma, severina noite
  De leve no lençol que te tateia a pele fina
  Pedras sonhando pó na mina
  Pedras sonhando com britadeiras
  Cada ser tem sonhos à sua maneira
  Cada ser tem sonhos à sua maneira
  
  Corre alta, severina noite
  No ronco da cidade, uma janela assim acesa
  Eu respiro o teu desejo
  Chama no pavio da lamparina
  Sombra no lençol que te tateia a pele fina
  Sombra no lençol que te tateia a pele fina
  
  Ali, tão sempre perto, e não me vendo
  Ali sinto tua alma a flutuar do corpo
  Teus olhos se movendo, sem se abrir
  Ali, tão certo e justo e só ti sendo
  Absinto-me de ti, mas sempre vivo
  Meus olhos te movendo sem te abrir
  
  Corre solta suassuna noite
  Tocaia de animal que acompanha a sua presa
  Escravo da sua beleza
  Daqui a pouco o dia vai querer raiar
  Daqui a pouco o dia vai querer raiar...