A Peleja do Gonzagao X Teo Azevedo
                          
                               Já corrí trecho de mundo
  Defendendo meu enredo
  Com a sanfona no peito
  Não sou homem de ter medo
  Na peleja do calango
  Convido Téo Azevedo
  Calango vem, calango vai } bis
  Calango fica, calango sai
  
  Seu Luiz, eu tou pronto
  Pra travar a cantoria
  Mergulhar o meu sertão
  No mundo da poesia
  Ponteando a minha vida
  Ao nascer de um novo dia
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Sou matuto nordestino
  De guarda-peito e gibão
  Precata e chapéu de couro
  De lidar com o barbatão
  A tristeza que aparece
  Eu faço dela uma canção
  Calango vem, calango vai...
  Meu espelho é um aboio
  Quando brota o amanhã
  No canto da araponga
  Respondendo o jaçanã
  Gorjeando o rouxinol
  No lamento, o acauã
  
  Calango vem, calango vai...
  Sou sertão, sou pé-de-serra
  Cantador e sanfoneiro
  Eu sou o cheiro da terra
  Sou o rio e tabuleiro
  Sou a fé no Padre Ciço
  O Santo do Juazeiro
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Eu sou filho de Teófilo
  Que no verso era arisco
  Catumã, violeiro
  Ligeiro que nem Corisco
  Da banda norte mineira
  O Estado, São Francisco
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Sou fío de Januário
  Tocador de oito baixo
  Sertanejo até a tampa
  Eita! Velho que era macho!
  O poeta da sanfona
  Que nunca caiu do cacho
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Sou a terra do piquí
  Da cachaça e do tutú
  Do quiabo com galinha
  Oró pro angú
  Do panã, do surubim
  E da farofa de tatu
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Sou da terra do jabá
  Do guizado e da buchada
  Carne de sol de dois pelos
  Requeijão e umbuzada
  Grimum, sarapaté
  Macaxeira e coalhada
  
  Calango vem,calango vai...
  
  Meu sertão tem cantilena
  Do repente e violeiro
  Calango, lulu guiano
  Marujada e seresteiro
  Caboclinho e catoquê
  Isso é côco violeiro
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Sou da terra da embolada
  Xote, baião e xaxado
  Do frevo e maracatu
  Da novena e do reizado
  Côco, forró e rojão
  E do repente improvisado
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Vamos parar o calango
  Encerrar nosso por fim
  Viva treze de dezembro
  Dia de Santa Luzia
  O Senhor fez setenta anos
  Com a sanfona e simpatia
  
  Calango vem, calango vai...
  
  Obrigado Téo Azevedo
  Um poeta sei que sôis
  Completei setenta anos
  No ano de oitenta e dois
  Dia treze de dezembro
  Não podia ser depois
  
  Calango vem, calango vai...
  
  por nelson de campos