O Caçador
                          
                               Tudo é começo
  Madrugada, alvorecer
  A vida inteira já começa a renascer
  Mas que contraste
  Faz um tiro de espingarda
  Guarda incerteza
  Malvadeza, que tristeza
  
  É por certo um caçador
  O das aves, matador
  Que dormiu numa tocaia
  A esperar que caia
  Inocente a juriti
  Pobrezinha nesta vida
  Tão cedo pra bebida
  Vuou, nunca mais voltou
  
  Que sol bonito
  Infinito é o viver
  Quantas rolinhas, ribançãns pra gente ver
  Quase em segredo
  Cantam um canto de arremedo
  E logo um tiro
  Tão certeiro, traiçoeiro
  
  É por certo um caçador
  Pra matar, arremedou
  Rola-branca ou cascavel
  Pra ele é mais troféu
  
  Do que carne pra comer
  Nem a miúda cafofa
  Só tinha quase pena
  Quanta pena ela deixou
  
  Sol poente a Asa Branca
  Vem também beber e vai morrer
  Morre assim tanta beleza
  Que Deus por natureza
  Deixou lá no sertão ôô...
  
  Foi pro certo um caçador
  De caçar não se cansou
  Mas, se assim continuar
  Só resta pra matar
  Atirar na solidão } bis
  
  por nelson de campos