Paço do Rosário
                          
                               Beira de rio Paço do Rosário se avista ao longe
  as ruas tortas vão se desenhando pelo arraial
  beira de rio Paço do Rosário limitando a agreste
  sua janela, velha doca de barrica e pau
  água barrenta rolando sem pressa consumindo a terra
  o pôr-do-sol avermelhado Paço do Rosário
  na velha igreja já são 6 da tarde
  o povo reza o terço Ave Maria, Mãe do Céu - cruz credo!
  quem me mata é Deus...
  Murmúrio lento, como prece aflita, vai descendo o rio
  acompanhando o dia que se vai buscando o anoitecer
  e anoitecendo, Paço do Rosário, quase silencia
  a velha estátua caída na praça, mais um dia
  velha rameira deixa a vela acesa por Virgem Maria
  Ave Maria, Mãe do Céu - crus credo!
  quem me mata é Deus
  
  Poema (Raimundo Costa):
  "Num descampado vazio, de obscuro itinerário
  pousada à beira de um rio dorme Paço do Rosário
  Vive de sonho e promessa de um mercado portuário,
  do lavar roupa conversa da lavoura e pecuária
  O povo todo se apega aos pés do Santo Sacrário,
  se amarra ao terço e se perde nos mistérios do rosário
  no dia a dia lida, cada qual mais solitário
  feito conversa comprida da gaiola com o canário."