Limao
                          
                               O véu luminoso do sol na bruma
  cobre a serra molhada
  por um buraco na névoa,
  vara a espada de luz
  libertando a terra ao tocá-la
  a chuva parou,
  o dia renasce para o passeio,
  para o amor, para o trabalho
  a princípio o cheiro é a primeira coisa a lembrar
  o chão enxugando, aquecendo
  as poças diminuindo
  o povo, os animais, o vai-e-vem
  é dia de colher, é dia de pescar,
  preparar o peixe
  cheiro de limão me encanta
  como se sente o fruto do limoeiro?
  A virgindade verde se abre em gotas
  para encenar o sabor
  no teatro da boca,
  onde o áspero se fere
  ao ranger dos dentes
  e o sangue é água, muita água,
  uma nascente.
  
  
  © 1994 Luanda Edições Musicais Ltda.