A Volta da Mulher Morena
                          
                               (Já o segundo poema “A volta da mulher morena” pertence ao meu 2º livro “Forma e Exegese”. Eu quero lê-lo porque neste livro complexo que mostra o poeta talvez em sua fase transcendental mais aguda e com os problemas metafísicos mais agudos, ele já enunciam o poeta que tinha um pouco a saudade do cotidiano que queria viver a vida dos homens e não...o poeta como disse Otto Lara Resende - inquilino do sublime)
  
  Meus amigos meus irmãos
  Cegai os olhos da mulher morena,
  Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo,
  Estão me despertando de noite
  
  Meus amigos meus irmãos
  Cortai os lábios da mulher morena,
  Eles são maduros e úmidos e inquietos
  E sabem tirar a volúpia de todos os frios
  
  Meus amigos meus irmãos
  E vós que amai a poesia de minh’alma
  Cortai os peitos da mulher morena,
  Que os peitos da mulher morena sufocam meu sono
  E trazem cores tristes pros meus olhos
  
  Jovem camponesa que me namoras quando eu passo nas tardes
  Traze-me para o contato casto de tuas vestes,
  Salva-me dos braços da mulher morena,
  Eles são laços, ficam estendidos imóveis ao longo de mim
  São como raízes recendendo resina fresca
  São como dois silêncios que me paralisam
  
  Aventureira do rio da vida
  Compra o meu corpo da mulher morena
  Livra-me do seu ventre como a campina matinal
  Livra-me do seu dorso como a água escorrendo fria
  
  Branca rosinha dos caminhos
  Reza pra ir embora a mulher morena
  Reza para murcharem as pernas da mulher morena
  Reza para a velhice roer dentro da mulher morena
  
  Que a mulher morena está encurvando meus ombros
  Está trazendo tosse má para o meu peito
  
  Meus amigos meus irmãos
  E vós todos que guardai ainda meus últimos cantos
  Daí morte cruel a mulher morena.