Conjugação da Ausente
                          
                               Colaboração: Sammia Ferreira
  
  Tua graça caminha pela casa
  Moves-te blindada em abstrações, como um T.
  
  Trazes a cabeça enterrada nos ombros qual escura
  Rosa sem haste.
  
  És tão profundamente que irrelevas as coisas, mesmo do pensamento.
  
  A cadeira é cadeira e o quadro é quadro porque te participam.
  
  Fora, o jardim modesto como tu, murcha em antúrios a tua ausência.
  
  As folhas te outonam, a grama te quer.
  
  És vegetal, amiga...
  
  Amiga! direi baixo o teu nome
  Não ao rádio ou ao espelho, mas à porta que te emoldura, fatigada, e ao corredor que pára
  Para te andar, adunca, inutilmente rápida.
  
  Vazia a casa
  Raios, no entanto, desse olhar sobejo
  oblíquos, cristalizam tua ausência.
  
  Vejo-te em cada prisma, refletindo
  diagonalmente a múltipla esperança.
  
  E te amo, te venero, te idolatro
  numa perplexidade de criança.