Desesperança (Sobre Poema de Sousândrade
                          
                               Eu queria ter os lábios sábios
  e poder saber dizer palavras belas
  E como pintor achar prender as cores
  entre flores luminosas amarelas
  Eu queria ser só ritmo e som
  a clara lúdica das esferas e matar os medos na raiz
  E feliz cantar com do e sem dor
  depois de ter domado as feras
  Eu queria poder rir e celebrar o amor beber brindar a vida
  Esquecer a funda ferida só por um segundo
  e crer que enfim o Mundo é um lugar gentil
  pros meus pros seus
  Eu queria que Deus acordasse do seu sono profundo
  
  Oh tarde dos meus dias
  Oh noite da minha alma
  A vida era tão calma aqui na solidão
  
  Oh tarde dos meus dias
  Oh noite da minha alma
  A vida era tão calma em paz na solidão
  
  Eu queria que o amor significasse mais
  que amor somente uma palavra bela
  Que vaga ao relento no sonetos guetos
  das poesias romances na vela
  Será feito no afeto farto forte franco
  repleto de emoção sinceramente sentida
  Viver todas as vidas com a intensidade de mil corações
  
  Para além deste comercio infeto de tatos gostos e olfato
  este teatro…falho tosto triste
  Eu queria gritar o grito que existe silenciado na garganta enquanto a alma canta por todos gestos gasto interno
  Eu quero eterno Éden neste inferno idem
  tolo a vida insumo a vida uma coisa uma
  sem coisa alguma
  sem nenhuma chance de redenção
  
  Oh tarde dos meus dias
  Oh noite da minha alma
  A vida era tão calma aqui na solidão
  
  Oh tarde dos meus dias
  Oh noite da minha alma
  A vida era tão calma em paz na solidão
  
  Oh tarde dos meus dias
  Oh noite da minha alma
  A vida era tão calma aqui na solidão
  
  Oh tarde dos meus dias
  Oh noite da minha alma
  A vida era tão calma em paz na solidão