Roda Morta
                          
                               (reflexões de um executivo)
  
  
  Composição: Indisponível
  
  O triste nisso tudo é tudo isso
  Quer dizer, tirando nada, só me resta o compromisso
  Com os dentes cariados da alegria
  Com o desgosto e a agonia da manada dos normais.
  
  O triste em tudo isso é isso tudo
  A sordidez do conteúdo desses dias maquinais
  E as máquinas cavando um poço fundo entre os braçais,
  eu mesmo e o mundo dos salões coloniais.
  
  Colônias de abutres colunáveis
  Gaviões bem sociáveis vomitando entre os cristais
  E as cristas desses galos de brinquedo
  Cuja covardia e medo dão ao sol um tom lilás.
  
  Eu vejo um mofo verde no meu fraque
  E as moscas mortas no conhaque que eu herdei dos ancestrais
  E as hordas de demônios quando eu durmo
  Infestando o horror noturno dos meu sonhos infernais.
  
  Eu sei que quando acordo eu visto a cara falsa e infame
  como a tara do mais vil dentre os mortais
  E morro quando adentro o gabinete
  Onde o sócio o e o alcaguete não me deixam nunca em paz
  
  O triste em tudo isso é que eu sei disso
  Eu vivo disso e além disso
  Eu quero sempre mais e mais.
  (2x)
  mais e mais