Chao de Estrelas
                          
                               Minha vida
  Era um palco iluminado
  Eu vivia vestido de dourado
  Palhaço das perdidas ilusões
  Cheio dos guizos falsos da alegria
  Andei cantando a minha fantasia
  Entre as palmas febris
  Dos corações
  
  Meu barracão no morro do salgueiro
  Tinha o cantar alegre de um viveiro
  Foste a sonoridade que acabou
  E hoje,
  Quando do sol,
  A claridade
  Cobre o meu barracão,
  Sinto saudade
  Da mulher pomba-rola que voou
  
  Nossas roupas comuns
  Dependuradas
  Na corda,
  Qual bandeiras agitadas
  Pareciam um estranho festival!
  Festa dos nossos trapos
  Coloridos
  A mostrar que nos morros mal vestidos
  É sempre feriado nacional
  
  A porta do barraco
  Era sem trinco
  E a lua, furando o nosso zinco
  Salpicava de estrelas
  O nosso chão...
  E tu
  Tu pisavas nos astros distraída
  Sem saber que a ventura desta vida,
  É a cabrocha,
  O luar
  E o violão...
  
  A porta do barraco
  Era sem trinco
  E a lua, furando o nosso zinco
  Salpicava de estrelas
  O nosso chão...
  E tu
  Tu pisavas nos astros distraída
  Sem saber que a ventura desta vida,
  É a cabrocha,
  O luar
  E o violão...